Desde as canções populares até à ópera, da literatura clássica até aos romances Harlequin, das telenovelas diárias até filmes e peças teatrais aclamados pela crítica, estamos rodeados por inúmeros exemplos de relacionamentos não gratificantes e imaturos que são glorificados e aos quais se atribui um fascínio especial. (...) Quando um cantor apregoa melancolicamente que não é capaz de deixar de gostar de alguém apesar do sofrimento que isso lhe causa, algo dentro de nós aceita que é assim que deve ser (...) Aceitamos que o sofrimento constitui uma componente natural do amor e que a disponibilidade para sofrer em prol desse sentimento é uma característica mais positiva do que negativa.
Robin Norwood
Será mesmo que arde sem se ver, dor que desatina sem doer? Será mesmo um andar solitário entre a gente, um nunca contentar-se de contente? É querer estar preso por vontade;é ter com quem nos mata, lealdade...
A verdade é uma estranha neste mundo e qualquer coabitação a longo prazo com ela revela-se impossível. Apenas o que sentimos num momento e sem interpretação é, em si, incontestável. Com o espírito mais ou menos apoiado em convicções, formigando de interpretações, somos seres imaginários que apenas o sofrimento - o sofrimento físico - devolve à realidade.
Por vezes, ou quase sempre, as coisas que não dizemos são as mais importantes. Porque o silêncio é mais fácil... e porque impera o egoísmo e a arrogância de quem acha que sabe entender e não precisa de explicações. E não nos ocorre que a explicação pode não ser para nós mas para quem a dá...